terça-feira, 2 de agosto de 2011

O PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO - PCB

COMO SE ORGANIZAR NO PCB



O Partido Comunista Brasileiro é o partido de maior longevidade em nosso país. Foi fundado em 25 de março de 1922, em Niterói, Estado do Rio de Janeiro, por um grupo de trabalhadores animados com a vitória dos operários e camponeses na Revolução Bolchevique de 1917, na Rússia.
O PCB nada tem a ver com os partidos institucionais mantidos pela legislação burguesa, os partidos da ordem, cujos maiores representantes hoje são o PT, o PSDB, o PMDB, o DEM, etc, cujas divergências entre eles resumem-se a diferentes formas de gerenciar e fazer aprofundar o capitalismo em nosso país. Nosso partido, apesar de participar da vida política institucional, pois enxerga como fundamental aproveitar o espaço conquistado pelas lutas democráticas no país (liberdade de organização, participação nas eleições, uso do tempo de televisão, fundo partidário, etc), não vê este espaço como um fim em si mesmo (como hoje fazem partidos que outrora foram de esquerda, como o PC do B), mas um meio para difundir as ideias e o programa comunista e avançar na organização da classe trabalhadora visando construir a revolução socialista no país.
Para fazer parte do PCB é preciso estar organizado numa base ou célula partidária. A base ou célula são o centro de gravidade do partido, a sua razão de ser, as unidades básicas de que toda a organização depende. São uma espécie de modelo reduzido do próprio partido, possuindo – dentro de seu espaço de atuação – as diversas funções do todo partidário. Elas são o partido organizado em espaços comuns de atuação e luta (a fábrica, a empresa, o bairro, a escola, os movimentos sociais). As bases têm a finalidade de ligar o partido às massas, num sentido de mão dupla. De um lado, devem participar da vida das massas, procurando levá-las a conhecer, assimilar e pôr em prática a linha política do partido. De outro lado, devem recolher delas suas experiências, reivindicações e tendências, para capacitar o partido a elaborar propostas políticas justas para as necessidades do seu tempo.
As organizações de base devem ser organismos dinâmicos e criativos. Toda base deve ter um plano de ação, com objetivos e prazos a serem atingidos e a definição de responsabilidades. Nelas, os militantes discutem a política do partido, analisam a realidade da área de sua atuação, elaboram os planos de ação, opinam sobre os documentos e resoluções partidárias, exercendo o direito à critica e à autocrítica. E é assim que funciona o princípio maior da organização comunista: o centralismo democrático. Nos processos congressuais e nas conferências para debater a linha política, a tática e a estratégia de ação do partido, os militantes discutem exaustivamente as propostas até chegarem a um consenso ou a uma posição majoritária. Construída esta posição, adotada coletivamente como resultado de um amplo processo democrático de participação nas decisões, o conjunto do partido deve se empenhar para pôr em prática aquilo que foi decidido, de forma unitária e coesa. Todas as decisões, mesmo relativas a questões cotidianas, são adotadas desta forma: coletivamente. Mas somente a prática política disciplinada e unitária é capaz de fazer do partido um grupo homogêneo, pronto para assumir as tarefas necessárias ao desenvolvimento dos grandes embates políticos e sociais e da luta maior em prol da revolução socialista.
O que defende hoje o PCB?
Conforme aprovado pelo XIV Congresso Nacional do PCB, realizado em outubro de 2009, objetivo central da ação dos comunistas é a superação do modo de produção capitalista e a constituição de uma sociedade socialista. A revolução socialista é um processo histórico e complexo que não pode ser entendido como linear. É composto de elementos diversos e sujeito às condições objetivas e subjetivas de cada formação social, à luz da conjuntura nacional e internacional e de sua evolução. O triunfo do socialismo não é um fato que acontecerá de forma natural ou inexorável, como afirmam algumas leituras mecanicistas da obra de Marx, mas sim uma possibilidade histórica que deve ser construída.
Na luta para fazer afirmar a hegemonia política do proletariado, entendemos ser necessária a construção do Bloco Revolucionário do Proletariado, reunião das forças políticas e sociais que almejam dirigir os trabalhadores brasileiros para a derrubada do capitalismo por meio da revolução socialista. Nossa estratégia, portanto, é a revolução socialista. São as massas que fazem a revolução, no sentido mais amplo da superação do capitalismo pelo socialismo, e não propriamente o partido. Mas a revolução não acontecerá sem um partido revolucionário a liderá-la, o que pode se dar em conjunto com outras forças e organizações políticas revolucionárias que configurem o Bloco Revolucionário.
A organização dos trabalhadores inclui formas de organização popular direta, nos bairros, no campo e em grandes movimentos urbanos de massa e a luta pelo aprimoramento da organização sindical, com a construção de grandes sindicatos por ramo de produção, a proposição de greves gerais com a participação de todos os trabalhadores, do proletariado precarizado, dos partidos de esquerda e de outras organizações sociais, e a utilização de vias não institucionais para a luta revolucionária. Além disso, a luta pela hegemonia das ideias socialistas e comunistas compreende a utilização de todas as formas disponíveis e todos os espaços políticos aos quais tenhamos acesso para difundir e desenvolver as ideias políticas socialistas e comunistas e para promover a denúncia contumaz e radical do capitalismo.
A construção de uma alternativa de poder que se apresente como uma contraposição ao poder burguês somente será efetiva se conseguir mobilizar as classes exploradas, com um programa capaz de produzir uma ruptura na ordem capitalista. Esta contraposição se materializa no Poder Popular, que possui um caráter estratégico – ao se transformar numa espécie de poder paralelo ao Estado burguês e no futuro núcleo de poder proletário rumo ao socialismo. Possui também um caráter tático, ao dar suporte para as lutas unificadoras do movimento operário e popular.
A tática do PCB se pauta pela construção de uma Plataforma Comunista, composta de um programa e de uma proposta de organização popular. O principal ponto deste programa é a formação de uma Frente Política Anticapitalista e Anti-imperialista, que tenha caráter permanente, não se tratando de uma frente eleitoral. Esta Frente deve ser composta por partidos, organizações, movimentos e personalidades que se oponham à política dos governos capitalistas e lutem pelas transformações necessárias para fazer valer os interesses dos trabalhadores brasileiros. A Frente deve ter o papel de aglutinar o movimento operário e popular em torno de bandeiras gerais e específicas, sendo também um polo de ação institucional, conformando, assim, uma alternativa às propostas liberais, socialdemocratas, nacionaldesenvolvimentistas, dentre outras que correspondam aos interesses e às representações da burguesia.
A teoria marxista
Baseamo-nos na teoria social elaborada, inicialmente, por Karl Marx e Friedrich Engels, no século XIX (época de grandes lutas operárias contra a exploração promovida pelo capitalismo, que vivia seu processo de consolidação no mundo) e continuada, no século XX, por Lênin, Rosa Luxemburgo, Gramsci, Lukács e outros grandes militantes das lutas anticapitalistas de seu tempo. Estes autores revolucionários deram forma a uma nova concepção de mundo, concebida através da análise crítica e consciente da realidade existente e da intervenção ativa na história, construindo assim o instrumental teórico necessário ao enfrentamento à concepção de mundo dominante, que está a serviço dos interesses e necessidades da burguesia e da expansão contínua do capitalismo.
Segundo Marx, a teoria somente se transforma em poder material quando é apoderada pelas massas, isto é, uma ideia só se realiza plenamente se é abraçada pelo movimento social concreto e se configura em ação prática transformadora. O papel básico do partido comunista é contribuir para a elevação da consciência de classe dos trabalhadores, agindo na organização das lutas e na propaganda socialista em contraponto ao modelo de sociedade capitalista. A disputa ideológica que o Partido Comunista promove visa, entre outros, superar os marcos dos interesses puramente imediatos, economicistas, corporativos, para o nível da visão global da realidade, forjando, desta feita, a visão de mundo transformadora, capaz de hegemonizar um projeto político de construção da sociedade socialista.
Lênin já dizia que a consciência socialista não brota espontaneamente das lutas populares e nem da indignação particular de uma parte do proletariado. Por isso destacava a importância do partido revolucionário e dos militantes comunistas para dirigir e orientar as massas revoltadas com as desigualdades e injustiças provocadas pelo sistema capitalista em uma mobilização consciente em prol do socialismo, como única alternativa capaz de solucionar os problemas vividos pela classe trabalhadora.
Não se pode prever de antemão quando eclodirá em algum lugar a verdadeira revolução proletária e qual será o motivo principal que despertará e lançará à luta as grandes massas, hoje ainda presas na corrente da alienação. Mas não podemos ficar esperando este momento, como se a revolução, além de necessária, fosse inevitável. O partido deve estar sempre preparado, no presente, de olho no futuro. Os requisitos fundamentais para o êxito desta empreitada são uma linha política correta, uma direção unida, além de organizações de base e militantes capazes e enraizados nas massas.
Uma história de lutas
A trajetória do Partido Comunista Brasileiro está indelevelmente marcada na própria história do Brasil. Nossa organização sempre se destacou por atrair para suas fileiras os mais importantes dirigentes das lutas dos trabalhadores e representantes da intelectualidade e da cultura brasileira.
Quando se tornou um verdadeiro partido de dimensões nacionais, no período entre o imediato pós-guerra (1945) até o golpe que implantou a ditadura empresarial-militar em 1964, o PCB no partido que agregou praticamente toda a esquerda brasileira, unindo o mundo do trabalho com o mundo cultural. Intelectuais do porte de Astrojildo Pereira, Octávio Brandão, Caio Prado Jr., Graciliano Ramos, Nélson Werneck Sodré, Oduvaldo Viana Filho (Vianinha), Paulo Pontes, dentre outros, participavam de um extenso aparato político-cultural (jornais, revistas, livros, associações culturais, etc), que, associado às organizações mais ligadas às lutas diretas dos trabalhadores e da juventude (sindicatos, ligas camponesas, imprensa operária, Comando Geral dos Trabalhadores, União Nacional dos Estudantes e outras), compunham uma grande rede de instituições que tinham nas camadas proletárias o sujeito real da intervenção social. O PCB exercia, naquele tempo, grande influência junto às organizações populares que lutavam contra o poder do latifúndio, a grande empresa capitalista e a ação do imperialismo em nosso país. O golpe de 1964 abateu-se de forma violenta contra os comunistas e demais forças democráticas e progressistas, interrompendo a ascensão do movimento de massas no Brasil por longos vinte anos.
Se a história do PCB foi marcada por uma sistemática repressão, que o compeliu à clandestinidade por mais da metade de sua existência e que entregou ao povo brasileiro boa parte de seus maiores heróis do século XX, nem por isto o PCB foi um partido marginal. Ao contrário: da década de 1920 aos dias atuais, os comunistas, com seus acertos e erros, mas especialmente com sua profunda ligação aos interesses históricos das massas trabalhadoras brasileiras, participaram ativamente da dinâmica social, política e cultural do país.
Desde 1992, quando um grupo de liquidacionistas, comandado por Roberto Freire (hoje no PPS, legenda auxiliar do PSDB e dos governos burgueses de direita), tentou acabar com o PCB, na esteira da crise mundial vivida pelo socialismo (queda do muro de Berlim e derrocada da União Soviética), vivemos um processo de reconstrução revolucionária de nosso Partido. Nos últimos anos temos intensificado o trabalho de estruturação interna do Partido e de sua inserção nos movimentos de massa. Através, principalmente, do movimento sindical e estudantil e da participação nas entidades representativas, o Partido afirma a centralidade do trabalho e a necessidade da revolução social de matiz socialista. É através deste trabalho, também, que o partido vem recrutando e formando novos militantes e formulando sua intervenção junto às massas.

Publicado pelo PCB/PE
pcb.pe21@yahoo.com.br


 

quinta-feira, 5 de maio de 2011

193 ANOS DO NASCIMENTO DE KARL MARX


O artigo a seguir é uma breve biografia, sobre o maior cientista social que a humanidade conheceu “Karl Marx”. Sua genialidade para compreender o processo histórico foi de suma importância para fundar uma Filosofia Revolucionária voltada a orientar a luta dos trabalhadores, a Filosofia Marxista.
Ele dedicou toda sua vida a emancipação da classe operária, criando a melhor ferramenta para lhes orientar “O Materialismo Histórico e o Materialismo Dialético”. Assim no dia que se comemora o seu nascimento façamo-lhes essa homenagem.

Karl Marx Herói dos Trabalhadores!


KARL MARX (Breve Nota Biográfica)

*Vladimir Ilitch Lênin


Karl Marx nasceu em 5 de Maio de 1818 em Trier (Prússia Renana). O pai, advogado, israelita, converteu-se em 1824 ao protestantismo. A família, abastada e culta, não era revolucionária. Depois de ter terminado os seus estudos no liceu de Trier, Marx entrou na Universidade de Bona e depois na de Berlim; aí estudou direito e, sobretudo, história e filosofia. Em 1841 terminava o curso defendendo uma tese de doutoramento sobre a filosofia de Epicuro. Eram, então, as concepções de Marx as de um idealista hegeliano. Em Berlim, aderiu ao círculo dos "hegelianos de esquerda" (Bruno Bauer e outros) que procuravam tirar da filosofia de Hegel conclusões ateias e revolucionárias.
Ao sair da Universidade, Marx fixou-se em Bona, onde contava tornar-se professor. Mas a política reacionária de um governo que, em 1832, tinha tirado a Ludwig Feuerbach a sua cadeira de professor, recusando-lhe novamente o acesso à Universidade em 1836 e que, em 1841, proibira o jovem professor Bruno Bauer de fazer conferências em Bona, obrigou Marx a renunciar a uma carreira universitária. Nessa época, o desenvolvimento das idéias do hegelianismo de esquerda fazia, na Alemanha, rápidos progressos. A partir, sobretudo, de 1836 Ludwig Feuerbach começa a criticar a teologia e a orientar-se para o materialismo, a que, em 1841, adere completamente (A Essência do Cristianismo); em 1843 aparecem os seus Princípios da Filosofia do Futuro. "É preciso (...) ter vivido a influência emancipadora" desses livros, escreveu mais tarde Engels, a propósito destas obras de Feuerbach. "Nós", (isto é, os hegelianos de esquerda, entre eles Marx) "imediatamente nos tornamos feuerbachianos". Nessa altura os burgueses radicais da Renânia, que tinham certos pontos de contacto com os hegelianos de esquerda, fundaram em Colônia um jornal de oposição, a Gazeta Renana (que apareceu a partir de 1 de Janeiro de 1842). Marx e Bruno Bauer foram os seus principais colaboradores e, em Outubro de 1842, Marx tornou-se o redator-chefe, mudando-se então de Bona para Colônia. Sob a direção de Marx, a tendência democrática revolucionária do jornal acentuou-se cada vez mais e o governo começou por submetê-lo a uma dupla e mesmo tripla censura e acabou por ordenar a sua suspensão completa a partir de 1 de janeiro de 1843. Por essa altura, Marx viu-se obrigado a deixar o seu posto de redator, mas a sua saída não salvou o jornal, que foi proibido em março de 1843. Entre os artigos mais importantes que Marx publicou na Gazeta Renana, além dos que indicamos mais adiante (ver Bibliografia), Engels cita um sobre a situação dos vinhateiros do vale do Mosela. A sua atividade de jornalista tinha feito compreender a Marx que seus conhecimentos de economia política eram insuficientes e por isso lançou-se a estudá-la com ardor.
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Em 1843, Marx casou-se, em Kreuznach, com Jenny von Westphalen, com a amiga de infância, de quem já era noivo desde o tempo de estudante. Sua mulher pertencia a uma família nobre e reacionária da Prússia. O irmão mais velho de Jenny vou Westphaleu foi ministro do interior na Prússia numa das épocas mais reacionárias, de 1850 a 1858. No Outono de 1843, Marx foi para Paris a fim de editar no estrangeiro uma revista radical em colaboração com Arnold Ruge (1802-1880; hegeliano de esquerda, preso de 1825 a 1830; emigrado depois de 1848 e partidário de Bismarck depois de 1866-1870). Mas só apareceu o primeiro fascículo desta revista, intitulada Anais Franco-Alemães, que teve de ser suspensa por causa das dificuldades com sua difusão clandestina na Alemanha e de divergências com Ruge. Nos artigos de Marx publicados pela revista, ele aparece-nos já como um revolucionário que proclama "a crítica implacável de tudo o que existe" e, em particular, "a crítica das armas", e apela para as massas e o proletariado.

Em setembro de 1844, Friedrich Engels esteve em Paris por uns dias, e desde então se tornou o amigo mais íntimo de Marx. Ambos tomaram uma parte muito ativa na vida agitada da época dos grupos revolucionários de Paris (especial importância assumia então a doutrina de Proudhon[8], que Marx submeteu a uma crítica impiedosa na sua obra Miséria da Filosofia, publicada em 1847) e, numa árdua luta contra as diversas doutrinas do socialismo pequeno-burguês, elaboraram a teoria e a tática do socialismo proletário revolucionário ou comunismo (marxismo). Vejam-se as obras de Marx desta época, 1844-1848, mais adiante na Bibliografia. Em 1845, a pedido do governo prussiano, Marx foi expulso de Paris como revolucionário perigoso. Foi para Bruxelas, onde fixou residência. Na Primavera de 1847, Marx e Engels filiaram-se a uma sociedade secreta de propaganda, a "Liga dos Comunistas"[9], tiveram papel destacado no II Congresso desta Liga (Londres, Novembro de 1847) e por incumbência do Congresso redigiram o célebre Manifesto do Partido Comunista, publicado em fevereiro de 1848. Esta obra expõe, com uma clareza e um vigor geniais, a nova concepção do mundo, o materialismo consequente aplicado também ao domínio da vida social, a dialética como a doutrina mais vasta e mais profunda do desenvolvimento, a teoria da luta de classes e do papel revolucionário histórico universal do proletariado, criador de uma sociedade nova, a sociedade comunista.

Quando eclodiu a revolução de fevereiro de 1848], Marx foi expulso da Bélgica. Regressou novamente a Paris, que deixou depois da revolução de março para voltar à Alemanha e fixar-se em Colônia. Foi aí que apareceu de 1 de Junho de 1848 até 19 de Maio de 1849, a Nova Gazeta Renana, de que Marx foi o redator-chefe. A nova teoria foi brilhantemente confirmada pelo curso dos acontecimentos revolucionários de 1848-1849 e posteriormente por todos os movimentos proletários e democráticos em todos os países do mundo. A contra-revolução vitoriosa arrastou Marx ao tribunal (foi absolvido em 9 de fevereiro de 1849) e depois o expulsou da Alemanha (em 16 de maio de 1849). Voltou então para Paris, de onde foi igualmente expulso após a manifestação de 13 de junho de 1849, e partiu depois para Londres, onde viveu até ao fim dos seus dias.

As condições desta vida de emigração eram extremamente penosas, como o revela com particular vivacidade a correspondência entre Marx e Engels (editada em 1913). Marx e a família vivia literalmente esmagados pela miséria; sem o apoio financeiro constante e dedicado de Engels, Marx não só não teria podido acabar O Capital, como teria fatalmente sucumbido à miséria. Além disso, as doutrinas e as correntes predominantes do socialismo pequeno-burguês, do socialismo não proletário em geral, obrigavam Marx a sustentar uma luta implacável, incessante e, por vezes, a defender-se mesmo dos ataques pessoais mais furiosos e mais absurdos (Herr Vogt). Conservando-se à margem dos círculos de emigrados, Marx desenvolveu numa série de trabalhos históricos (ver Bibliografia) a sua teoria materialista, dedicando-se, sobretudo ao estudo da economia política. Revolucionou esta ciência (ver a seguir o capítulo acerca da doutrina de Marx), nas suas obras Contribuição para a Crítica da Economia Política (1859) e O Capital (t.I,1867).

A época da reanimação dos movimentos democráticos, no final dos anos 50 e nos anos 60, levou Marx a voltar ao trabalho prático. Foi em 1864 (em 28 de setembro) que se fundou em Londres a célebre I Internacional, a "Associação Internacional dos Trabalhadores". Marx foi a sua alma, sendo o autor do primeiro "Apelo" e de um grande número de resoluções, declarações e manifestos. Unindo o movimento operário dos diversos países, procurando orientar numa via de atividade comum as diferentes formas do socialismo não proletário, pré-marxista (Mazzini, Proudhon, Bakunin, o trade-unionismo liberal inglês, as oscilações dos lassallianos para a direita na Alemanha, etc.) combatendo as teorias de todas estas seitas e escolas, Marx foi forjando uma tática única para a luta proletária da classe operária nos diversos países. Depois da queda da Comuna de Paris (1871) - a qual Marx analisou (em A Guerra Civil em França, 1871) de uma maneira tão penetrante, tão justa, tão brilhante, tão eficaz e revolucionária - e depois da cisão provocada pelos bakuninistas[16], a Internacional não pôde continuar a subsistir na Europa. Depois do Congresso de 1872 em Haia, Marx conseguiu a transferência do Conselho Geral da Internacional para Nova lorque. A I Internacional tinha cumprido a sua missão histórica e dava lugar a uma época de crescimento infinitamente maior do movimento operário em todos os países do mundo, caracterizada pelo seu desenvolvimento em extensão, pela formação de partidos socialistas operários de massas no quadro dos diversos Estados nacionais.

A sua atividade intensa na Internacional e os seus trabalhos teóricos, que exigiam esforços ainda maiores, abalaram definitivamente a saúde de Marx. Prosseguiu a sua obra de transformação da economia política e de acabamento de O Capital, reunindo uma massa de documentos novos e estudando várias línguas (o russo, por exemplo), mas a doença impediu-o de terminar O Capital.
A 2 de dezembro de 1881, morre a sua mulher. A 14 de Março de 1883, Marx adormecia pacificamente, na sua poltrona, para o último sono. Foi enterrado junto de sua mulher no cemitério de Highgate, em Londres. Vários filhos de Marx morreram muito jovens, em Londres, quando a família atravessava uma grande miséria. Três das suas filhas casaram com socialistas ingleses e franceses: Eleanor Aveling, Laura Lafargue e Jenny Longuet; um dos filhos desta última é membro do Partido Socialista Francês. 


* Parte do artigo KARL MARX (Breve nota biográfica com uma exposição do marxismo) – Escrito em julho-novembro de 1914 – Reproduzido de V. I. Lenine, Obras Escolhidas em Três Tomos, Editora Alfa Omega – São Paulo – 1979

terça-feira, 12 de abril de 2011

IURI GAGARIN HERÓI DA HUMANIDADE


Iuri Alekseievitch Gagarin, nasceu na localidade de Kluchino - numa região a oeste de Moscou, Rússia, parte da então União Soviética. Seus pais, Aleksei Ivanovitch Gagarin e Anna Timofeievna Gagarina, trabalhavam numa kolkhoz (fazenda coletiva). Os trabalhadores manuais eram descritos nos relatórios oficiais como "camponeses", o que indica que isto pode ser uma simplificação no caso de seus pais - a mãe dele teria sido uma leitora voraz, e seu pai um hábil carpinteiro. Gagarin foi o terceiro de quatro filhos e sua irmã mais velha ajudou a criá-lo, enquanto seus pais trabalhavam. Como milhões de pessoas na União Soviética, a família Gagarin sofreu durante a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial. Seus dois irmãos mais velhos foram deportados para a Alemanha Nazista em 1943, onde foram empregados como OST-Arbeiter's (escravos) e não voltaram até depois da guerra. Quando jovem Gagarin passou a interessar-se pelo espaço e planetas e começou a sonhar com sua turnê de espaço que um dia se tornaria uma realidade. Gagarin foi descrito por seus professores em Liubertsi, cidade-satélite de Moscou, como inteligente e trabalhador, e por vezes malicioso. Seu professor de matemática e ciência tinha servido na Força Aérea Soviética durante a guerra, o que provavelmente foi uma substancial influência para o jovem Gagarin.
Depois de iniciar um estágio em uma metalúrgica como fundidor, Gagarin foi selecionado para o ensino secundário técnico em Saratov. Enquanto isso, ele se juntou ao "Aeroclube", e aprendeu a pilotar um avião leve, um passatempo que assumiria uma proporção crescente de seu tempo. Em 1955, após concluir a sua formação técnica, ele entrou para treinamento de voo militar na Escola de Pilotos de Orenburg. Lá, ele conheceu Valentina Goryacheva, com quem se casou em 1957, após ganhar suas asas de piloto em uma MiG-15. Após formado, foi enviado à base aérea de Luostari em Murmansk Oblast, perto da fronteira norueguesa, onde o tempo terrível tornava os voos arriscados. Ele se tornou tenente da Força Aérea Soviética em 5 de novembro de 1957 e em 6 de novembro de 1959 recebeu a patente de tenente sênior. 

Carreira no programa espacial soviético

Em 1960, Gagarin foi um dos 20 pilotos selecionado, após difíceis processos de seleção física e psicológica, para o programa espacial soviético, e acabou por ser escolhido para ser o primeiro a ir ao espaço, pela sua excelente performance nos treinos, sua origem camponesa – que contava pontos no sistema comunista - sua personalidade magnética e esfuziante, e principalmente devido às suas características físicas – ele tinha 1,57 m de altura – já que a nave programada para a viagem pioneira em órbita, a Vostok, tinha um espaço mínimo para o piloto.
Primeiro homem no espaço
Em 12 de abril de 1961, aos 27 anos de idade, Iuri Gagarin tornou-se o primeiro ser humano a ir ao espaço, a bordo da Vostok I, uma nave que pesava 4 725 quilos, na qual deu uma volta completa em órbita ao redor do planeta e proferiu a famosa frase “A Terra é azul”. Esteve em órbita durante 108 minutos.
Promovido de tenente a major enquanto ainda estava em órbita, foi com esta patente que a Agência Tass soviética anunciou este espetacular feito ao mundo, que assim tomava conhecimento de que entrava numa nova era, a Era Espacial, a partir daquele momento.
Após o feito, Gagarin tornou-se instantaneamente uma celebridade soviética e mundial e passou a viajar pelo mundo promovendo a tecnologia espacial do seu país, sendo recebido como herói por reis, rainhas, presidentes e multidões por onde passava. No Brasil, foi recebido e condecorado pelo então presidente Jânio Quadros com a Ordem do Cruzeiro do Sul. A partir de 1962, ocupou o cargo de deputado no Soviete Supremo da União Soviética até voltar à Cidade das Estrelas, o centro espacial soviético, para trabalhar no design de novas espaçonaves. Depois de vários anos afastado, dedicado apenas ao programa espacial, Gagarin voltou ao curso de treino de pilotos, para uma requalificação como piloto de caça nos novos caças MIG da Força Aérea.

Morte e legado



Em 27 de março de 1968, durante um voo de treino de rotina sobre a localidade de Kirzhach, ele e o instrutor de voo Vladimir Seryogin morreram na queda do MIG -15 que pilotavam, num acidente nunca devidamente explicado. Um inquérito de 1986 sugeria que a turbulência de um avião interceptador Sukhoi Su-11 pode ter feito o avião de Gagarin sair do controle.
Documentos secretos russos tornados públicos em março de 2003 mostraram que a KGB tinha conduzido sua própria investigação do acidente, além de uma investigação governamental e de dois inquéritos militares. O relatório da KGB desmente várias teorias da conspiração, indicando que as ações do pessoal da base aérea contribuíram para o acidente. O relatório afirma que um controlador de tráfego aéreo forneceu a Gagarin informações desatualizadas sobre o tempo, e que no momento de seu voo, as condições se deterioraram significativamente. A equipe de terra deixou também tanques de combustível externo ligados à aeronave. As atividades planejadas para o voo de Gagarin necessitavam tempo claro e nenhum tanque de popa. O inquérito concluiu que a aeronave de Gagarin entrou em um parafuso, ou devido a uma colisão de pássaro, ou por causa de um movimento repentino para evitar outra aeronave. Por causa do boletim meteorológico desatualizado, a tripulação acreditava que sua altitude tinha que ser maior do que realmente era, e não puderam reagir adequadamente para trazer o MIG-15 para fora de seu spin. 

Homenagem

Alçado ao título oficial de Herói da União Soviética, o centro de treinamento de cosmonautas no Cosmódromo de Baikonur, Cazaquistão, leva hoje o seu nome. A cidade próxima à aldeia natal de Gagarin em 1968, após morte do cosmonauta, foi rebatizada na sua honra.

domingo, 6 de março de 2011

DIA INTERNACIONAL DA MULHER


Origem

O Dia Internacional da Mulher: celebrado a 8 de Março, tem como origem as manifestações das mulheres russas por "Pão e Paz" - por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada do seu país na Primeira Guerra Mundial. Essas manifestações marcaram o início da Revolução de 1917. Entretanto a ideia de celebrar um dia da mulher já havia surgido desde os primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto.

História

O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, está intimamente ligado aos movimentos feministas que buscavam mais dignidade para as mulheres e sociedades mais justas e igualitárias. É a partir da Revolução Industrial, em 1789, que estas reivindicações tomam maior vulto com a exigência de melhores condições de trabalho, acesso à cultura e igualdade entre os sexos. As operárias desta época eram submetidas a um sistema desumano de trabalho, com jornadas de 12 horas diárias, espancamentos e ameaças sexuais.

Dentro deste contexto, 149 tecelãs da fábrica de tecidos de Nova Iorque, decidiram paralisar seus trabalhos, reivindicando o direito à jornada de 10 horas. Era 8 de março de 1857, data da primeira greve norte-americana conduzida somente por mulheres. A polícia reprimiu violentamente a manifestação fazendo com que as operárias refugiassem-se dentro da fábrica. Os donos da empresa, junto com os policiais, trancaram-nas no local e atearam fogo, matando carbonizadas todas as tecelãs.

Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres, realizada na Dinamarca, foi proposto que o dia 8 de março fosse declarado Dia Internacional da Mulher em homenagem às operárias de Nova Iorque. A partir de então esta data começou a ser comemorada no mundo inteiro como homenagem as mulheres.

• 1975, foi designado pela ONU como o Ano Internacional da Mulher e, em Dezembro de 1977, o Dia Internacional da Mulher foi adotado pelas Nações Unidas, para lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, mas também a discriminação e a violência a que muitas delas ainda são submetidas em todo o mundo.

Parodiando o Camarada Marx: “Mulheres de todo o mundo Uni-vos”!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A QUESTÃO DA SOCIAL DEMOCRACIA

Até 1914, o termo social-democracia designava o conjunto do movimento operário revolucionário; nas obras de Engels e dos teóricos marxistas até então, social-democracia era sinônimo de “política operária, revolucionária” ou “socialismo”. Entre 1914 á 1919, porém, a expressão política do movimento operário se dividiu na prática. A segunda Internacional, fundada em 1889 fraciona-se em face da primeira guerra imperialista e os seus grupos hegemônicos capitulam frente às tendências nacionalistas e chauvinistas.

A Revolução de outubro acentua a linha divisória: de um lado, os partidos e correntes que apoiam decididamente o poder dos sovietes; de outro, aqueles partidos e tendências socialistas que, embora se afirmando inspirados em Marx, recusam o projeto revolucionário autêntico. Os primeiros em 1919 constituem a Internacional Comunista (ou Terceira Internacional, que existirá até 1943), passando, na sua maioria, a denominar-se partidos comunistas. Os segundos aglutinam-se na Internacional Socialista, criada em Frankfurt, em 1951. Precisamente estes partidos e tendências compõem a social-democracia contemporânea, ora denominando-se partidos socialista, operários ou social-democratas.

Desde os anos vinte, esta social democracia vem procurando construí-se como a principal alternativa ao movimento operário revolucionário marxista-leninista. Salvo poucas exceções, a social democracia, apesar dos seus esforços, não conseguiu articular forças significativas fora da Europa Ocidental e Setrentional. Entretanto, no ocidente europeu, os partidos social democratas impuseram-se em muitos países, como força dirigente do movimento operário. Por outro lado, na maioria dos partidos social democratas ou socialistas, não existe, também, verdadeira unidade interna, doutrinaria e política. A coexistência se mantém graças a acordos e compromissos e, a isto, se devem as cisões e criação de novos partidos dentro da social democracia, como ocorreu com o Partido socialista Italiano no segundo pós-guerra e, mais recentemente, com o Partido Trabalhista Inglês.

Portanto, compreende-se por que a Internacional Socialista, não tenha se constituído jamais, como uma instituição solida com organizações firmemente unidas. Embora a social democracia contemporânea tenha se articulado a partir de 1914/1919, as bases teóricas e doutrinárias remota ao final do século XIX, encontra-se ai, a sua origem na obra de E. Bernstein, que abre, no interior do marxismo, a corrente revisionista. Paralelamente e subsequentemente, as obras Web, Kaustsky e Bauer, entre muitos, vieram adensar a elaboração de Bernstein e, em grande linha, foi este acervo ideológico que guiou a intervenção dos sociais democratas até a Segunda Guerra.

Nos anos cinquenta, o movimento social democrata praticamente se estancou, ai ocorre o primeiro reexame das bases doutrinárias da social democracia. Tratava-se de libertar a doutrina de “conceitos obsoletos”, que já não respondiam às realidades da estrutura social-euro-ocidental. Em poucas palavras, a social democracia procurava substituir o velho reformismo por uma nova doutrina, que vai receber posteriormente a designação de socialismo democrático.

Os sociais democratas suecos, desde 1897, afirmavam que “a tarefa mais importante do partido consistia em organizar politicamente a classe operária, com a finalidade de tomar o poder e transferir gradualmente para propriedade pública, todos os meios de produção”. Já os trabalhistas britânicos, em 1918, asseguravam que seria necessário facilitar aos trabalhadores a plena compensação do seu trabalho social. Diga-se de passagem, que foi entre os trabalhistas britânicos, graças à vigorosa resistência da esquerda e dos sindicatos, que o reexame de que estamos tratando causou menos estrago a tradição operária.

Estas posições se generalizaram entre a maioria dos partidos social democratas, assim, para o partido social austríaco, “a socialização seria possível e restrita às grandes empresas”. Neste contexto o estatismo aparece como instrumento da mudança social, em contraposição à movimentação revolucionaria das massas. Assim o socialismo democrático, vai privilegiar a democracia parlamentar pluripartidária. A partir dos anos cinquenta, os sociais democratas atribuem valor universal ao sistema parlamentar pluripartidário. “Segundo o programa dos sociais democratas alemães, a democracia parlamentar será a forma universal do Estado, já que ela assegurava o respeito à dignidade humana”.

“A democracia parlamentar, com plenas garantias para a oposição, é o único marco político no interior do qual poderá florescer uma sociedade livre”, (documento programático dos trabalhistas britânicos). Esta forma de organização política passa a ser apresentada como o objetivo da luta da classe operaria.

Resumidamente, o socialismo democrático emergente nos anos cinquenta se caracteriza por:

a) Considerações de que a socialização dos meios de produção não é a condição prévia para a transformação socialista das relações sociais;

b) Defesa da ideia segundo a qual, a transformação progressiva e gradual das relações sociais, deve ter no intervencionismo estatal (políticas monetária, fiscal, creditícia, etc.), o seu instrumento privilegiado e mais adequado;

c) Elevação da democracia parlamentar pluripartidária à condição de única forma possível e eficaz de intervenção política institucional.

Não é preciso fazer grande esforço para compreender que este primeiro reexame da social democracia, significou um enorme retrocesso, mesmo em relação ao reformismo “clássico” de Bernstein. O socialismo democrático acaba por diluir e retira dos partidos que o adotam qualquer chance de se tornarem forças dirigentes no processo de transformação socialista. O denominado “socialismo democrático”, aprisiona a social democracia, compelindo-a atuar exclusivamente dentro dos marcos da ordem estabelecida pela burguesia. A partir do final dos anos sessenta, o movimento social democrata é levado a experimentar um novo período de reexame. Trata-se de um processo ainda em curso, muito complexo e contraditório, mas que no essencial, coloca em xeque a plataforma do socialismo democrático da década anterior. Este novo processo, muito mais agudamente que o anterior, realiza-se com polarizações e fraturas, na social democracia.

O otimismo social democrata, vigente desde a década anterior, entra em colapso. O “Estado do bem estar social” (pleno emprego, seguridade social e aumento de constante do nível de vida material) mostra-se uma ilusão, também na Europa Ocidental.

É no bojo deste quadro que a social democracia sofre uma inflexão, cujos principais resultados, podem ser assinalados:

a) Crescem nos partidos social democratas o peso e a influencia dos agrupamentos de esquerda, que em alguns destes partidos assumem cargos relevantes;

b) Toma corpo uma atitude muito critica ao sistema capitalismo (o que no fundo, é uma autocrítica dos sociais democratas);

c) Estes dois resultados, em meio a polemicas e debates, com forte polarização entre partidos/sindicatos, partidos/movimento juvenil, faz resurgir a exigência de retorno não ao socialismo democrático, mas aos princípios e objetivos que em 1959/1960, foram considerados obsoletos.

Com essas decisões, além da ultrapassagem da noção estatista de transformação social, de alguns partidos como: o Partido Socialista Frances; Partido Socialista Italiano; Partido Socialista Operário Espanhol e o Partido Social Democrático Finlandês passam a contemplar a luta de classe, a exigência explicita da socialização da propriedade privada foi retomada pelo Partido Operário da Noruega em 1971. Assim alguns partidos sociais democratas reformam seus princípios doutrinários, e passam a ter a supressão da exploração capitalista e a socialização dos meios de produção importantes, e define a autogestão como meta final.

Porém tudo isso, na verdade era apenas paliativo, já no Congresso da Internacional Socialista de 1980 em Madrid, destacou-se que dadas às diversidades políticas, econômicas e culturais, não existe um modelo social democrata único aplicável ao mundo inteiro. Nota-se ai, que a social democracia já não absolutiza o sistema parlamentar pluripartidário como valor universal. As polarizações existentes entre os próprios sociais democratas europeus, mais fatores introduzidos pela presença de movimentos políticos de filiação recente, colocaram a Internacional Socialista a procurar uma identidade comum para seus associados.

Após esboçamos de maneira sumaria, o panorama da social democracia, cabe agora, indagar qual o papel significativo desempenhado pelo movimento social democrata, levando-se em conta as suas significativas experiência que são europeias. O fato fundamental que devemos destacar é que em todos os países onde, nas ultimas décadas, os partidos socialistas e sociais democratas ocuparam o poder, não ocorreram transformações essenciais das relações socioeconômicas, o que houve foram reformas para estabilizar as relações próprias do sistema capitalista.

Na verdade a social democracia no poder jamais abriu a via à revolução socialista, nunca socializou os meios de produção, nunca superou as estratificações sociais, nunca preparou o caminho para a supressão das classes, nunca aboliu a exploração dos trabalhadores e nunca socializou o poder político. Optando por uma via precisa de transformação social, aquelas reformas nos marcos da legalidade burguesa. Assim a social democracia colocou a si mesma, os limites da sua ação, dedicou-se a aperfeiçoar o funcionamento do capitalismo.

Este é o ponto de fratura decisivo entre os comunistas e a prática da social democracia: que transige e conciliação com o capitalismo. O reformismo, até hoje tem sido a característica marcante da social democracia. Para os comunistas, esta postura é inaceitável: a característica essencial do movimento comunista consiste precisamente no intransigente combate ao capitalismo, na luta pela transformação revolucionária da sociedade capitalista, considerando que dois são os passos prévios necessários para isto: a apropriação do poder político pelos trabalhadores organizados e a socialização dos meios de produção.

Extraído da obra de Giocondo Dias, “Os Objetivos dos Comunistas”

Capitulo sobre “A Questão da Social Democracia”.

Ed. Novos Rumos. São Paulo. 1983.