terça-feira, 3 de janeiro de 2012

LUÍS CARLOS PRESTES


 
Luís Carlos Prestes, nasceu em Porto Alegre, á 03 de janeiro de 1898 – Morreu no Rio de Janeiro, á 07 de março de 1990, foi um militar e político brasileiro. Secretário-Geral do Partido Comunista Brasileiro, foi companheiro de Olga Benário, morta na Alemanha, na câmara de gás, pelos nazistas. Filho de Antonio Pereira Prestes e Leocádia Pereira Prestes, formou-se no secundário no Colégio Militar e em Engenharia Militar pela Escola Militar do Realengo no Rio de Janeiro, em 1919, atual Academia Militar das Agulhas Negras. Foi engenheiro ferroviário na Companhia Ferroviária de Deodoro, como tenente, até ser transferido para o Rio Grande do Sul.

O Início do Movimento Rebelde

Em outubro de 1924, já capitão, Luís Carlos Prestes liderou um grupo de rebeldes na região missioneira Rio Grande do Sul, saiu de Santo Ângelo, e se dirigiu para São Luiz Gonzaga onde permaneceu por dois meses aguardando munições do Paraná, que não vieram. Aos poucos foi formando o seu grupo de comandados que vieram de várias partes da região. 

Rompendo o famoso "Anel de ferro" propagado pelos governistas, rumou com sua recem formada coluna para o norte até Foz do Iguaçu. Na região sudoeste do estado do Paraná, o grupo se encontrou e juntou-se aos paulistas, formando o contingente rebelde chamado de Coluna Prestes, com 1500 homens, que percorreu por dois anos e cinco meses 25.000 km. Em toda esta volta, as baixas foram em torno de 750 homens devido à cólera, à impossibilidade de prosseguir por causa do cansaço e dos poucos cavalos que tinham, e ainda poucos homens que morreram em combate. 

Refaz parte do trajeto da ida e cruza a fronteira com a Bolívia, em fevereiro de 1927. Sem jamais ser vencida, a coluna Prestes enfrenta as tropas regulares do Exército ao lado de forças policiais dos Estados e tropas de jagunços, estimulados por promessas oficiais de anistia. 

A coluna poucas vezes enfrentou grandes efetivos do governo. Em geral, eram utilizadas táticas de despistamento para confundir as tropas legalistas. Ataques de cangaceiros à Coluna também reforçam o caráter lendário da marcha, mas não há registros desses embates. Nas cidades e nos vilarejos do sertão, os rebeldes promovem comícios e divulgam manifestos contra o regime oligárquico da República Velha e, contra o autoritarismo do governo de Washington Luís, que mantém o país sob estado de sítio desde sua posse, em novembro de 1926. Os homens liderados por Luís Carlos Prestes e Miguel Costa não conseguem derrubar o governo de Washington Luís. Mas, com a reputação de invencibilidade adquirida na marcha vitoriosa de 25 mil quilômetros, aumentam o prestígio político do tenentismo e reforçam suas críticas às oligarquias. Com o sucesso da marcha, a Coluna Prestes ajuda a abalar ainda mais os alicerces da República Velha e preparar a Revolução de 30. Projeta também a liderança de Luís Carlos Prestes, que, desde sua entrado no Partido Comunista Brasileiro e sua participação na Intentona Comunista de 1935, se torna uma das figuras centrais do cenário político do país nas três décadas seguintes. 

Os Estudos na Bolívia e na União Soviética

Prestes, apelidado de "Cavaleiro da Esperança", passa a estudar marxismo na Bolívia, para onde havia se transferido no final de 1928, onde a maioria da Coluna Preste havia se exilado. Lá trava contato com os comunistas argentinos Rodolfo Ghioldi e Abraham Guralski, este último dirigente da Internacional Comunista na América Latina (IC).

Em 1930 retorna clandestinamente a Porto Alegre onde chega a ter dois encontros com Getúlio Vargas. Convidado a comandar militarmente a Revolução de 30, recusa-se a apoiar o movimento, colocando-se contra a aliança entre os tenentistas e as oligarquias dissidentes. Em 1931, muda-se para a União Soviética a convite daquele país. Lá, trabalha como engenheiro na construção de estradas de ferro e dedica-se a estudos marxistas-leninistas. Por pressão do Partido Comunista da União Soviética, é aceito como filiado no PCB, em agosto de 1934.

Sendo eleito membro da comissão executiva da Internacional Comunista, volta como clandestino ao Brasil em dezembro de 1934, acompanhado pela alemã Olga Benário, também membro da IC. Seu objetivo era liderar uma revolução armada no Brasil.

O Comando da ANL e a Deportação de Olga

No Brasil, Prestes encontra o recém constituído movimento Aliança Nacional Libertadora (ANL), de cunho antifascista e anti-imperialista, que congregava tenentes, socialistas e comunistas descontentes com o Governo Vargas. Mesmo clandestino, o Cavaleiro da Esperança é calorosamente aclamado presidente de honra da ANL em sua sessão inaugural no Rio de Janeiro. 

Prestes procura então aliar o enorme crescimento da ANL, com a retomada de antigos contatos no meio militar para criar as bases que julgava capazes de deflagrar a tomada do poder no Brasil. Em julho de 1935 divulga um manifesto exigindo "todo o poder" à ANL e a derrubada do governo Vargas. 

Getúlio Vargas aproveita a oportunidade e declara a ANL ilegal, o que não impede Prestes de continuar a organizar o levante que acabou por ficar conhecido como a Intentona Comunista. Em novembro eclode a insurreição nas guarnições do exército de Natal, Recife e Rio de Janeiro (então Distrito Federal), mas é debelada por Vargas, que desencadeia um violento processo de repressão e prisões. 

Em março de 1936, Prestes é preso, perde a patente de capitão e inicia uma pena de prisão que durará nove anos. Sua companheira Olga Benário, grávida, é deportada e morre na câmara de gás no campo de concentração nazista Ravensbrück. A criança, Anita Leocádia Prestes, nasceu em uma prisão na Alemanha, mas foi resgatada pela mãe de Prestes, após intensa campanha internacional. 

O Fim do Estado Novo, Anistia, e a Volta à Clandestinidade

Com o fim do Estado Novo, Prestes foi anistiado, elegendo-se Senador. Foi Senador de 1946 a 1948. Assumiu a Secretaria Geral do PCB. Com o início da Guerra Fria, o registro do partido foi cassado, e novamente Prestes foi perseguido e voltou à clandestinidade. 

Na Assembleia Constituinte de 1946, Prestes liderava a bancada comunista de 14 deputados composta por, entre outros, Jorge Amado, eleito pelos paulistas, Carlos Marighela, pelos baianos, João Amazonas, o comunista mais votado do país, e o sindicalista Claudino Silva, único constituinte negro, eleito pelo Rio.
Em 1951, conheceu sua segunda companheira, a pernambucana Maria, que passa a se chamar Maria Prestes. Maria era mãe de dois meninos, Pedro e Paulo. Da união com Prestes nasceram outros sete filhos: João, Rosa, Ermelinda, Luiz Carlos, Zoia, Mariana e Yuri. Prestes e Maria viveram juntos por 40 anos, até a morte de Prestes. Em 1958, Prestes teve sua prisão decretada, porém foi revogada por mandado judicial.

Ditadura Civil Militar

Após o golpe militar de 1964, com o AI-1, Prestes teve seus direitos de cidadão novamente cassados por dez anos. Foi perseguido pelo Governo, mas conseguiu fugir. Ao revistar sua casa, a polícia encontrou uma série de cadernetas de anotações que deram base a inquéritos e processos. Exilou-se na União Soviética no final dos anos 1960, regressando ao Brasil somente com à Anistia de 1979.

Os membros do PCB que também voltavam do exílio após o regime militar, contaminado pela orientação eurocomunista, se tornaram maioria no Comitê Central do Partido, não mais aceitaram suas orientações, por considerarem-nas retrógradas, rígidas demais e pouco adaptadas aos tempos de então. Destituíram-no da liderança do PCB. 

Por divergências com o comitê central do partido, Prestes lança a Carta aos Comunistas, em que defende uma política de maior enfrentamento ao regime e uma reconstrução do movimento comunista no Brasil. Em 1982, conjuntamente a vários militantes, sai do PCB, ingressando no PDT. Milita em diversas causas, como o não pagamento da dívida externa latino-americana e pela eleição de Leonel Brizola em 1989.

Representações na Cultura

Luís Carlos Prestes já foi retratado como personagem no cinema e na televisão. No cinema, o filme "O País dos Tenentes" (João Batista de Andrade/1987) onde Prestes é interpretado por Cassiano Ricardo, que depois o representou também na novela Kananga do Japão (1989) e Caco Ciocler no filme Olga (2004).

Em 1997, foi lançado o documentário Prestes, o cavaleiro da esperança e em 1998, no ano do centenário de seu nascimento, a escola de samba Acadêmicos do Grande Rio o homenageou em seu desfile no grupo especial do carnaval do Rio de janeiro com enredo Cavaleiro da Esperança, obtendo o 8° posto.

O cantor e compositor Taiguara, que foi um grande amigo e seguidor de Prestes, fez a canção Cavaleiro da Esperança em sua homenagem, assim como a banda pernambucana Subversivos também fez uma canção em sua homenagem com o mesmo nome.

Jorge Amado em prosa e verso retrata a saga da coluna Prestes em seu livro O Cavaleiro da Esperança, publicado em 1944.

O poeta chileno Pablo Neruda, em seu livro mais aclamado, Canto Geral (obra que remonta a história da América Latina do ponto de vista dos povos explorados), dedicou um poema a Luís Carlos Prestes. Nele, Prestes é chamado por Neruda de "claro capitão". O poema foi lido em visita ao Brasil do poeta comunista no ano de 1945, no estádio do Pacaembu: "Quantas coisas quisera hoje dizer, brasileiros…".

Luiz Carlos Prestes.

O Cavaleiro da Esperança!

Heroi do Povo Brasileiro. 

Presente!!!

Referências:

Wikipédia (A Enciclopédia Livre)
Senado Federal, Portal Senadores, 38a Legislatura, Luís Carlos Prestes.
Morais, Fernando. Olga, São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
MORAIS, Fernando. Corações Sujos. Companhia das Letras, 2000.

Bibliografia:

- GARCIA, Marco Aurélio. "Prestes (1898-1990): um cavaleiro na esperança" In.: Teoria & Debate, São Paulo, no.10, abr/mai/jun. 1990.
- MEIRELLES, Domingos. "As noites das grandes fogueiras, uma história da - Coluna Prestes". Editora Record
- MENEZES, Marcos Vinícius Bandeira de. Estratégias e táticas da revolução brasileira: Prestes versus o Comitê Central do PCB. Campinas, 2002, - Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Universidade de Campinas.
- NERUDA, Pablo. "Canto Geral": Trad. de Paulo Mendes campos. 6. ed. São Paulo: DIFEL, 1984
- MORAES, Denis de (org.) Prestes com a palavra: uma seleção das principais entrevistas do líder comunista. Campo Grande, Letra Livre, 1997.
- PRESTES, Anita Leocádia. Anos tormentosos - Luís Carlos Prestes: correspondência da prisão (1936-1945). Petrópolis, Vozes.
- PRESTES, Maria. Prestes, meu companheiro: 40 anos ao lado de Prestes. Rio de Janeiro, Rocco, 1992.



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